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Distócia e estase folicular em répteis

Cuidar de um réptil em casa é uma experiência fascinante. Embora pareçam mais “resistentes”, precisam de cuidados específicos, pois podem sofrer doenças graves como a distócia ou a estase folicular.

distócia e a estase folicular são patologias que afetam o sistema reprodutor dos répteis. No presente artigo, explicamos em detalhe o que são, as suas causas, como se faz o diagnóstico e quais os tratamentos possíveis.

O que é a distócia em répteis? #

A distócia, ou retenção de ovos, é um problema relativamente frequente em répteis mantidos em cativeiro - estima-se que afete cerca de 10%. É mais comum em lacertídeos nas primeiras posturas, em fêmeas com histórico da condição ou em fêmeas que produzem ovos inférteis.

Tipos de distócia #

Distócia obstrutiva

Nesta forma, não é possível expelir um ou mais ovos/fetos através do oviduto e da cloaca. As causas podem incluir:

  • Ovos deformados ou demasiado grandes
  • Anomalias maternas, como alterações da estrutura da pelve ou do oviduto
  • Presença de massas (abscessos, cálculos urinários)
  • Complicações durante a oviposição, como posicionamento incorreto dos ovos ou rotura de um ovo

Distócia não obstrutiva

Muitas vezes relacionada com erros no manejo: deficiências nutricionais, problemas de temperatura ou humidade, desidratação, fadiga física. É habitual que as fêmeas consigam expelir todos os ovos menos um ou dois, mesmo se esses ovos aparentemente normais.

Causas da distócia em répteis

Entre as causas reconhecidas estão:

  • Local inadequado para postura
  • Alterações de temperatura ou humidade ambientais
  • Falta de exposição à luz solar (UV)
  • Insuficiente suplementação de cálcio
  • Deficiência de vitamina D
  • Doença óssea metabólica
  • Ovos inférteis ou anormais
  • Prolapso
  • Doenças reprodutivas (abscessos, tumores no oviduto)

Em muitos casos, não se consegue determinar uma causa concreta, mas identificá-la ajuda a prevenir recorrências.

Diagnóstico da distócia em répteis #

O método de diagnóstico varia consoante o grupo de répteis:

Serpentes

É suportado por histórico de oviposição recente ou observação de massas visíveis. Em espécies vivíparas pode ser mais difícil identificar o feto. A ecografia é uma ferramenta útil para avaliar o estado fetal, ou garantir a sobrevivência da mãe em casos críticos.

Lagartos

Em animais como iguanas, sinais comuns são impacto, anorexia e dor abdominal. Muitas vezes estes sinais confundem-se com gravidez normal. A causa mais frequente é a falta de local adequado para postura. Sem intervenção, a distócia pode ser fatal em dias.

Quelónios (tartarugas)

O diagnóstico depende de radiografia ou ecografia. A palpação da cloaca e a observação da casca dos ovos (mais fina ou deformada) ajudam a confirmar retenção.

Tratamento da distócia #

Se após 48 horas não houver progresso na postura ou parto, é necessário intervir:

  • Palpação manual, especialmente em serpentes — mas com grande cautela devido ao risco de lesão do oviduto ou prolapso.
  • Estimulação hormonal: uso de oxitocina, prostaglandina E, cálcio, entre outros fármacos, conforme o veterinário avaliar.
  • Ovocentese percutânea: reduzir o volume dos ovos com agulha estéril para facilitar expulsão — técnica que exige experiência e deve ser feita em até 48 horas para evitar rasgos ou contaminação.
  • Cirurgia: indicada em casos obstrutivos ou quando as medidas anteriores falham. Pode incluir salpingectomia ou ovariohisterectomia em fêmeas que não se destinam à reprodução.

Estase folicular pré-ovulatória

Aqui, os folículos se desenvolvem nos ovários, mas não ocorrem ovulação. À medida que crescem, comprimem órgãos internos como estômago e pulmões, provocando anorexia, letargia ou dispneia. A ruptura de um folículo pode causar infecção na cavidade celómica e fatalidade.

Diagnóstico da estase folicular #

  • História clínica detalhada para excluir causas como doença renal, hepática ou cardíaca
  • Palpação abdominal cuidadosa (risco de ruptura)
  • Exames sanguíneos (cálcio, função renal/hepática)
  • Radiografia e ecografia para localizar folículos e diferenciar outras causas

Tratamento da estase folicular #

  • Uso de oxitocina, prostaglandinas, cálcio, conforme avaliação veterinária
  • Em casos persistentes ou recorrentes: salpingectomia ou ovariohisterectomia
  • Correção dos fatores predisponentes no manejo:
    • Condições térmicas
    • Umidade adequada
    • Exposição a luz UV
    • Dieta com adequada suplementação de cálcio e vitamina D

Tratar a causa subjacente é crucial, pois essas condições tendem a reaparecer se o manejo estiver deficiente.

 

A distócia e a estase folicular são patologias sérias e potencialmente fatais em répteis quando não tratadas a tempo. Um diagnóstico precoce, tratamento adequado e correção do manejo ambiental são essenciais para prevenir complicações e preservar a saúde do animal.

Para um suporte veterinário especializado, vale procurar clínicas com serviço de animais exóticos que dominem procedimentos como ecografia, cirurgia de répteis e manejo reprodutivo.

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