O bom tempo convida a passeios ao ar livre com os animais de companhia, contudo, nesta altura do ano, a atenção dos cuidadores deve ser redobrada para evitar o contacto com a lagarta processionária, mais conhecida por lagarta do pinheiro. Neste sentido, a AniCura, apresenta algumas dicas para os cuidadores protegerem os seus animais nesta época do ano.
Como é a lagarta do pinheiro?
A lagarta do pinheiro é um inseto endémico em Portugal1 e revela-se perigosa por atrair a atenção dos animais de companhia devido à sua curiosa forma de se movimentar e às suas cores vivas e marcantes, levando-os a querer cheirá-las, brincar e até comê-las.
A lagarta está envolta numa série de pelos (tricomas) que funcionam como agulhas e, ao dispersarem-se e flutuarem no ar, podem entrar em contacto com o animal injetando substâncias tóxicas e provocar irritações na pele, nariz e olhos.1
Em situações destas, agir rapidamente é vital para minimizar as consequências, sobretudo nas primeiras duas horas.2
Sintomas de contacto com a lagarta do pinheiro
Lagrimejo excessivo, sensibilidade à luz direta e vermelhidão nos olhos são alguns dos sintomas que devem ser tidos em atenção. É igualmente importante estar atento a mudanças no comportamento do animal, como inquietação ou nervosismo. Urticária generalizada, vermelhidão na pele ou inchaço em qualquer parte do corpo são também comuns. “No caso dos olhos, uma região do corpo tão sensível, quando se suspeita de contacto com processionária, a equipa veterinária procede à irrigação contínua da córnea com soro abundante para tentar eliminar o maior número possível de tricomas da lagarta”, refere a Dra. Sofia Alves, diretora clínica do AniCura Vasco da Gama Hospital Veterinário. “Uma ação rápida é essencial para tentar rever os danos causados. Nunca devemos esfregar as zonas lavadas”.
Os efeitos indesejados incluem manchas ou opacidade da córnea, o que pode provocar o amolecimento e a degradação de parte da córnea, causando inflamação, que, em último caso, pode levar à cegueira ou mesmo perda do olho.
Além das lesões oculares, outras complicações graves também podem surgir como necrose da língua, comum em cães após lamberem ou morderem as lagartas, o que pode causar dor intensa, hipersalivação e, em casos severos, a perda de parte da língua. Também pode ocorrer choque anafilático, que nos casos mais graves provoca colapso e pode levar à morte.
Dicas práticas para proteger os animais
- Evitar pinhais ou zonas de concentração das lagartas
Evitar passeios em florestas ou zonas com muitos pinheiros. Entre fevereiro e abril, as lagartas descem dos pinheiros formando carreiros no chão. "Embora varie muito em função da região de Portugal, é preciso ter cuidado entre janeiro e junho”, acrescenta a médica. - Usar trela curta durante os passeios
Se for impossível evitar estes locais é aconselhado o uso de trela. Isso dá maior controlo e evita que o animal cheire ou lamba algo perigoso. - Não deixar o animal cheirar ou tocar nas lagartas
Uma única árvore pode albergar entre 10.000 e 100.000 lagartas do pinheiro, já que uma lagarta põe entre 100-200 ovos. Até junho, estas perdem muitos pelos, que se soltam facilmente e são transportados para longas distâncias pelo vento. Esses pelos libertam uma toxina que pode causar consequências graves.
Referências
1 Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (2017) PROCESSIONÁRIA OU LAGARTA-DO-PINHEIRO CICLO DE VIDA E MEDIDAS DE CONTROLO. Disponível em Diapositivo 1 https://www.ulsba.min-saude.pt/wp-content/uploads/sites/15/2017/06/folhet-lagart.pdf
2 Wagner, Regina (2021) Oak processionary A health issue for dogs and humans. Disponível em LA_Juni_2021_EN_BattLab.indd